Como aplicar a Lean UX | Resumo do livro parte 2
Agora que você sabe os principais conceitos e princípios da Lean UX, é hora de entender como ela realmente funciona e aplicar no seu time.
O processo cíclico da lean UX é dividida em 4 grandes etapas:
- Coleta de suposições e hipóteses
- Desenho da solução
- Criação do MVP
- Pesquisa e aprendizado.
O livro explica cada uma delas e como validar e gerar demanda independente do seu negócio.
Nota: essa série de artigos é apenas um resumo do livro e não contem a minha opinião pessoal :)
Etapa 1: Colete e organize suposições e hipóteses
Para começar o seu processo enxuto, primeiro você precisa entender quais são as suposições e hipóteses do seu negócio. Esse exercício gerará diversas ideias que precisão ser testadas e validadas.
Coletando suposições
Uma suposição é algo que achamos que está certo. Como não são baseadas em dados, suposições são afirmações arriscadas que podem se provar completamente erradas.
Por isso é importante lembrar que o risco de um produto fracassar aumenta a cada nova decisão tomada a partir de suposições não testadas.
Que tipo de informação devemos coletar
1. Quais são os resultados de negócio: O resultado de negócio descreve uma mudança mensurável que queremos ver no mundo ou no comportamento do consumidor. É o sinal que esperamos do mercado que irá validar ou invalidar nossas hipóteses. Exemplo: aumento da taxa de conversão de uma página.
2. Quem são os nossos usuários: Precisamos entender mais sobre as pessoas que nós acreditamos ser o nosso público, geralmente resultado em o que chamamos de “personas”.
3. O que os nosso público quer alcançar (outcome): Os objetivos que o nosso usuário quer conquistar podem ser completar uma tarefa específica ou um desejo futuro (como guardar dinheiro para a aposentadoria).
4. Como serão as funcionalidades: Essas são as mudanças, adições ou melhorias que acreditamos que irão ajudar nosso consumidor a conquistar seus objetivos e alcançar os resultados de negócio esperados.
Conteúdo adicional: Por que criar Proto-Personas
Definir personas faz com que todo mundo tenha a mesma visão de para quem estamos projetando. Elas também ajudam a relembrar que nós não somos o público-alvo do nosso produto e que não pensamos ou precisamos das mesmas coisas que eles.
Mas diferente do que muita gente pensa, você não precisa ficar meses pesquisando para entender quem é a sua persona e como ela se comporta. Você pode começar com algumas suposições e validá-las ao longo do caminho. Essa junção de suposições sobre o usuário é o que chamamos de proto-persona.
Essa prática também irá ajudá-lo a validar constantemente quem são seus usuários (afinal, o comportamento deles pode mudar com o tempo).
Criando as personas
Após você montar sua proto-persona, você deve validá-la. Tente recrutar pessoas que são parecidas com a proto-persona que você montou, assim você consegue validar o quão realistas suas suposições eram.
Pense nessas perguntas:
Esse consumidor existe?
Eles têm as necessidades e obstáculos que você imaginou?
Eles valorizariam uma solução para esses problemas?
O que o usuário está tentando conquistar?
Como ele se sente durante esse processo?
Como o seu produto/serviço irá deixar o usuário mais perto desse objetivo?
“Empatia é o coração de grandes produtos e serviços.”
Coletando Hipóteses
Com todas essas suposições em mão, agora é a hora de tentar embasá-las com dados. Você pode usar o modelo de declaração a seguir:
Nós acreditamos que [suposição] é verdadeira. Nós teremos certeza que estamos certos ou errados quando recebermos o seguinte feedback do mercado:
[feedback quantitativo] e/ou [feedback qualitativo] e/ou [mudança no KPI].
Depois de embasar e ter certeza que suas hipóteses são válidas, você precisa definir possíveis soluções para cada uma dessas hipóteses.
Nós acreditamos que [resultado da empresa] será alcançado se [esses usuários] alcançarem [resultado do usuário] com a [funcionalidade].
Isso vai te ajudar a:
- Saber os resultados que quer alcançar
- Que usuários quer impactar
- Quais resultados motivam eles
- Que funcionalidades acredita que funcionarão nessa situação
Se os objetivos forem muito grandes, tente quebrá-los em partes menores. É importante para essa etapa conhecer a jornada do seu usuário dentro do seu produto (Framework AARRR).
Como elencar possíveis features (soluções)
Ok, pensar em soluções não é sempre fácil. Para ajudar o time a gerar novas features com todos esses dados, você pode usar a seguinte tabela:
Volte às hipóteses e complete-as. Lembre-se que hipóteses que dependem de múltiplas features são difíceis de testar.
Priorizando hipóteses
Agora que temos um backlog grande de ideias que podem potencialmente funcionar, fica difícil saber por onde começar.
O principal objetivo da priorização na lean UX é elencar as hipóteses com base no nível de risco (quão ruim seria se nós estivermos errados sobre isso?) e quanto valor você acha que a ideia irá gerar.
Quanto maiores o risco e valor envolvidos, maior deve ser a prioridade da hipótese.
Etapa 2: Seguindo com o design
Quando sua lista de hipóteses estiver completa e priorizada, você pode seguir para o próximo passo: o design colaborativo.
Tornar essa tarefa uma missão de todos cria uma responsabilidade compartilhada entre o time e menos retrabalho nos próximos níveis.
Design colaborativo
Para ter um processo lean, você precisa fazer com que o time tenha “cabeça de dono” e se sinta responsável pelos resultados da empresa. Além disso, é dar a oportunidade de todos darem sua opinião individual bem mais cedo do que geralmente acontece.
Ao ter essas conversas mais cedo, o time está a par de todas as ideias disponíveis e cada um consegue começar seus próprios trabalhos mais cedo.
Assim seu produto pode ser desenvolvido paralelamente, sem que um time precise esperar a entrega do outro.
Design Studio
É um exercício que faz todos pensarem na interface de um produto, com discussões mais rápidas e validação mais frequente.
Por que ter um Design System?
Um bom design system tem uma documentação compreensiva dos elementos de design, regras e exemplos que governam seu uso, além do código desses assets que podem ser incorporados em qualquer projeto.
O poder principal do design system é aumentar a velocidade de protótipos e entregas. Com os códigos front-end já prontos, o time não precisa recriar a mesma coisa várias vezes, é só montar os “pedaços” já existentes, como um lego.
A qualidade do seu produto também aumenta, já que você pode pensar individualmente em cada interação e como cada elemento deve se comportar. Como todos os elementos irão se comportar exatamente da mesma maneira, você também terá um produto mais consistente.
Não é um projeto barato e muito menos rápido de ser feito, mas traz grandes benefícios a médio e longo prazo para a empresa e para o desempenho do time.
Características de um bom design system:
- Leva em consideração as necessidades da audiência
- Tem processo de melhoria constante
- Existe um “pai/mãe” claro
- O sistema é acionável, acessível e distribuído
- Fácil de buscar
- Fácil de usar
Etapa 3: MVPs e Protótipos
Depois de desenhar a sua solução, é hora de por as suas ideias a prova com o lançamento de um MVP ou teste de usabilidade com protótipos.
Um MVP (produtos mínimo viável) é o mínimo de esforço que você precisa para entregar valor para o seu mercado o mais rápido possível. Ou também pode ser o mínimo de esforço necessário para validar alguma ideia. Eles são importantes no teste de suposições porque diminuem a quantidade de trabalho e horas que colocamos em ideias que não foram comprovadas.
Quanto mais rápido podermos descartar ideias falsas e trabalhar no que realmente é importante para o nosso negócio, mais nosso tempo será otimizado.
Exemplo de um MVP: implementar um botão para uma ação específica, mas que ao clicar abre uma modal avisando que a feature logo estará disponível. Com isso você consegue validar a hipótese de se os usuários têm interesse ou não na feature.
Dicas de como validar uma ideia
Comece pequeno, sempre.
O MVP é uma ferramenta de aprendizado, não a versão final do seu produto. Lembre que você não necessariamente precisa codificar um MVP, você pode fazer um protótipo de papel :)
Vá direto ao ponto
Não pense em tudo que impacta a ideia nesse momento. Se ela estiver errada, você só jogou tempo fora.
Use um CTA (chamada para ação) clara
Dar uma opção das pessoas se cadastrarem para ser parte do seu produto é uma ótima maneira de saber se elas estão interessadas nisso.
Priorize e siga em frente
Não fique se prendendo em ideias passadas só porque você as achava geniais.
Continue ágil
Tenha certeza que você está usando ferramentas que auxiliem ou permitam atualização constante.
Não reinvente a roda.
Muitos mecanismos para testar suas ideias já existem. Emails, sms, chats, facebook, etc.
Meça comportamento
Só faça MVPs de coisas que você consegue observar e medir o que as pessoas fazem.
Fale com seus usuários
Além do quantitativo, é bom saber “por que” as pessoas estão se comportando daquela maneira.
Fazendo protótipos
Um protótipo é algo que permite simular algo do seu produto. Antes de definir a técnica, você precisa primeiro entender o que você espera aprender com ele, quanto tempo você tem para criá-lo e qual é o seu público-alvo.
Protótipos de papel
São rápidos, fáceis de fazer, baratos e acessíveis, porém não são fáceis de interagir e o retorno das ações do usuário é muito lento. Eles devem ser usados para entender melhor a estrutura do seu produto, a arquitetura da informação e o fluxo básico de uso.
Mockups de fidelidade baixa
Dão um bom exemplo de como vai ser o fluxo do produto e revelam os maiores obstáculos para completar as tarefas, porém as pessoas entendem que isso não é um produto finalizado e podem mudar a forma como interagem com ele. Nesse caso, como não tem nenhum apelo visual, é dado muito mais importância aos textos da aplicação.
Mockups de fidelidade média e alta
São protótipos bem realistas que ajudam a testar interações e novos visuais. Porém, a interação ainda é limitada e os usuários não conseguem inserir dados reais, o que acaba limitando a experiência. Também pode demorar tempo demais para ser feito.
Protótipos com dados reais e codificados
São os protótipos de mais alto nível e são extremamente parecidos com o produto final. Com esse cenário, é possível testar qualquer simulação e você pode também reutilizar o código gerado no produto final. O problema é que o time pode perder muito tempo com pequenos detalhes, é muito lento para ser feito e atualizá-lo pode dar ainda mais trabalho.
Demos e previews
Não esqueça que você também pode testar o seu trabalho com seus colegas e familiares. É bom para o time e também ajuda a validar algumas hipóteses.
Etapa 4: Feedbacks e pesquisas
A pesquisa dentro da Lean UX é contínua e colaborativa. Ela é feita em etapas para que possa ser inserida no dia a dia dos times, ao invés de um projeto que pode durar meses.
Como o objetivo é criar um entendimento compartilhado entre todo o time, as atividades devem ser compartilhadas com todos.
Discovery colaborativo
É uma atividade que faz todo o time sair do escritório e falar com usuários reais.
Após todos terem feito suas pesquisas, o time deve retornar e discutir o que descobriram para entender se houve pontos fora da curva e também quais foram as respostas mais comuns.
Aprendizado contínuo
Uma parte importante da metodologia enxuta é ter um envolvimento regular com o seu cliente. Isso diminui o tempo entre a criação das hipóteses, experimentos e feedbacks do usuário, dando a oportunidade de validar ideias mais rápido do que estamos acostumados.
Essas são apenas algumas das técnicas possíveis para fazer pesquisas e descobertas:
Suporte
Agentes de suporte falam mais com o consumidor do que qualquer outra pessoa da empresa. Fale com eles e entenda quais são as reclamações mais recorrentes que os usuários fazem. Essa é uma boa maneira de manter um ciclo de feedback constante.
Outro insight muito bom e barato para testar uma ideia é pedir para um agente de suporte sugerir a sua hipótese para o usuário e ver se isso resolveria o problema que originou a reclamação.
Site
Dentro do site você pode fazer pesquisas, entender quais são os termos mais buscados na sua barra de busca e também as ações mais realizadas no site.
Testes AB
Testes AB já são bem conhecidos e são bastante práticos para descobrir se uma solução é melhor do que outra. Porém, para ter um resultado significativo, você precisa ter bastante tráfego no seu site/produto.
Resumindo todas as etapas, o seu processo estará assim: